sábado

Eu e a Estranha...



Às vezes me torno uma criança tão sensível, tão cheia de ilusões e esperanças. Ora me vejo assustada, perdendo o rumo, logo, me ponho em posição fetal querendo voltar para o quentinho de minha existência inicial. Isso de alguma forma me alivia. Tenho vontade de me superar. Buscar meu potencial envergado, surpreender, fazer de minhas expectativas um grito de vitória... Dormir o necessário. Minha outra parte estranha não come bem, brinca de insônia, sofre de saudades, se lamenta, se perde em tormentos, se rende ao cansaço até acordar e o conflito continuar.

Tento expulsar essa estranheza. Ela atrapalha minha vida. Fica tudo meio truncado e patético. Ela gasta meus sentidos. Quero rejeitá-la, repudiá-la. Parece que ela é maior que minhas boas intenções. Quero triunfar linda e iluminada. Quero suspirar e ser mais otimista. Quero ter além das expectativas o impulso de avançar meus ideais.. Ela debocha cheia de escárnio faz sentir-me uma massa desfigurada, depreciando minha inteligência, apontando minhas falhas, me ridicularizando. Até que por compaixão ela ironicamente sorri, se afasta temporariamente... Logo a procuro, porque não posso deixar de me aceitar. Sou essa parte bacana e estranha...

Ivanir Paes
"Tudo que escreveo é tudo que sinto, tudo que sinto é tudo que vivo...Se vivo é porque vim de um outro ser vivo"
Ivanir Paes